quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Diário de bordo.
Escrito por: Julia Vieira.

1 parte
A viagem
Minha filha tinha 13 anos quando isso aconteceu, eu planejava ir a uma viagem com meus amigos para uma ilha, nós iríamos até lá no começo da manhã, voltaríamos á noite. Neste dia, eu estava afim de levar minha filha comigo, para que lá ela começasse a se enturmar com as filhas dos meus amigos, mas ela tinha escola nesse dia, então não poderia levá-la, mas sorte dela, que ela não foi comigo a essa viagem.
No cais, ela e meu filho (que na época tinha 22 anos) me acompanharam, junto com minha mulher, ''eu voltarei a noite, eu prometo.'' disse eu, com toda confiança do mundo. Ao partir, eu vi de longe, minha família acenando pra mim, e ao mesmo tempo eu a vi se distanciando mais ainda de mim. Após elas sumirem por completo, eu fui conversar com o pessoal, nós bebemos, bebemos muito, bebemos tanto, que até mesmo um de nós caiu do navio, mas felizmente conseguiu voltar. Entre todos esses bêbados (eu não me lembro de muita coisa) eu me lembro de ter visto um deles, totalmente sóbrio, o que entre nós é estranho, todos já tinham bebido umas 10 latinhas. Ao chegar na ilha, todos já estavam tão bêbados, que chegaram ao ponto de ter dormido, maioria dormiu no banco, no chão, onde havia lugar, estavam caídos (agora eu entendi por que eles não trouxeram as filhas). os únicos acordados, éramos eu, e o homem misterioso. E então eu vi, ele puxou uma arma com um silenciador da cintura, e apontou pra mim, e atirou exatamente na minha perna, e então me jogou pra fora do barco, me deixou na ilha, e foi embora com todos aqueles bêbados dormidos.  Após isso, quando eu já estava desmaiando, (eu acho) que vi nativos da ilha, me carregando pra dentro das matas, e então eu desmaiei.



Parte 2
Minha chegada
Eu não sei por quanto tempo eu dormi, não sei como minha família reagiu, ao ver que eu não voltei. E então, eu acordei, numa cama de hospital, com um aparelho de respiração em meu nariz, eu tirei aquilo, e o resto dos aparelhos que estavam em mim, e andei pelo hospital, procurando por respostas de onde eu estava, que dia ou ano era. Até que eu fui barrado por um doutor, que me levou de volta para meu quarto. ''calma senhor, você está em boas mãos.'' disse o doutor. Eu o perguntei em que ano eu estava, e em que dia, ele me respondeu: ''4 de Dezembro de 2027 senhor.''  Eu fiquei pasmo, 4 de dezembro, 2027, era aniversário da minha filha, eu ja estava com 60 anos, minha filha com 27 anos, meu filho com 35, minha mulher com 55... oh meu Deus, eu acabei desmaiando na hora. Quando eu acordei, eu a vi, uma mulher, morena escura, com os cabelos já brancos, e um blazer bege... ela era linda, como um anjo, e ela segurava uma bolsa no ombro, e uma bíblia na mão. Ela me falou ''Paixão, acorda, sou eu, Norma.''  E logo eu percebi, ela era minha mulher, a unica que até aquele dia, foi me visitar. Assim que eu consegui me conscientizar que era ela, eu a abracei, me emocionei e falei:
-''Oh, Norma, por favor, me explique, o que houve ? (com um tom choroso) eu senti tanto sua falta, onde está Júlia ? e Heitor ? onde estão?''
- ''Heitor está trabalhando, ele é médico agora, e Júlia não pode vir, pois está no tribunal.'' Disse ela.
Eu, preocupado falei: ''Como assim no tribunal ? o que ela fez? o que houve ? esta ta bem ?''    ''Calma, ela ta bem, ela é juíza agora, não se preocupe.'' disse ela.
Então, ela me beijou, e falou que sentia minha falta, eu falei que a amava, e que também senti sua falta, então o médico chegou, e chamou-a, eles conversaram, mas eu não gostei da conversa, não era por ciúmes dela, era porque eu a vi, com uma cara de preocupação. Ao entrar, ela me falou que o médico me deu alta, então da bolsa, ela tirou uma roupa minha, eu me vesti no banheiro, e nós saímos.
Ao sair do hospital, eu olhei pro mundo e pensei: ''oh meu Deus, o que é isso ... ? '' Estava tudo mudado demais, maioria das adolescentes grávidas, maioria dos meninos metidos a riquinhos. Um chegou pra mim e falou: ''Oi seu velho feio.''  Eu o retribuí com um chute no saco, e um soco na cara, ''WILSON!!'' gritou norma, chateada por eu ter feito aquilo. no estacionamento do hospital, eu vi um carrão, enorme, na verdade uma Land rover, enorme, branca, e um símbolo que parecia um peixe (mas era aquele símbolo de pastores, eu esqueci o nome) na traseira do carro. Eu fiquei perplexo, minha mulher, uma pastora com mais de mil membros, e quando eu fui embora, ela era apenas uma presbítera de uma igrejinha de 300 membros.
''Pra onde estamos indo?'' falei eu no carro, ela me disse que estávamos indo pra casa de Heitor, meu filho. Ao chegarmos lá, eu falei ''Meu Deus, isso não é uma casa, é muito grande.'' Ela riu, e me falou que certamente tinha que ser grande, eles tinhas 2 filhos, eu falei ''COM AQUELA MULHERZINHA ELE TEVE FILHOS ?'' ela falou:''Paixão, ele não ta mais com ela, ele se casou com outra mulher, essa é mais nova, e mais amigável, deixe de coisa, 'aff'.'' Ao entrar na casa, eu o vi, cozinhando o almoço (o que era raro, ele nem sabia cozinhar antigamente) pra os dois filhos, mas como sempre a mesma bagunça. Ao me ver, ele derrubou a panela no rabo do gato (um gato preto com branco que a mulher tinha) ele me viu, e correu pros meus braços, ele me abraçou de uma forma que eu quase caí, nós choramos de emoção, e pela primeira vez, eu o vi com a barba crescida. Eu vi meus netos, (gêmeos) e abracei-os, ''quem é esse papai?'' disseram eles, ''é seu avô, Thiago e Lucas. chamem-no de vovô Wilson.'' meu filho respondeu, aí então eu vi a mulher de meu filho, (essa ao menos era bonita) ela era magra, alta, e morena. Nós almoçamos, e enquanto almoçávamos, eu o perguntei: ''Onde está Júlia?'' ele me disse, que ela estava em turnê, eu fiquei perplexo, e falei: ''como assim ? Norma me falou que ela era juíza!?'' eles respondeu falando: ''e ela é, mas também é cantora, ela canta músicas de romance, é casada, e tem uma filha chamada Hellen.''   eu perguntei quando poderíamos vê-la, mas ele disse que não poderíamos, eu perguntei o porque, ele me falou que ela estava na china agora, então por enquanto que ela não voltava, eu poderia ficar com ele, eu aceitei, pois queria passar um tempo com meus netos, meu filho e minha nora. Após o almoço, Norma disse que tinha que ir embora, pois ela iria viajar novamente para Inglaterra, então, eu dei a ela um beijo de despedida, e disse ''Tchau'' .  Enquanto isso, nós fizemos o que eu e meu filho fazíamos nos velhos tempos, (após ele lavar os pratos antes, obviamente, ele é um homem maduro agora.)  nós bebemos uma garrafa de 2L de coca-cola, com doritos (o favorito dele) pra ele, e chocolate pra mim. Foi então que nos comerciais eu finalmente vi, minha filha, crescida, com cabelo liso e curto, com roupas coladas, magra (ela na Pré-adolescência era gordinha), só não gostei, porque ela estava fazendo uma pose sensual pra capa do álbum, ''remember'' era o nome dele, ''Eu ja comprei esse álbum, quer ver?'' disse meu filho, e na parte de trás, vi que ela tinha feito um feat com uma tal de Nicki minaj, e com a seu ídolo de infância Adele. eu me emocionei ao ouvir o álbum, a voz dela estava maravilhosa. Após isso, eu tive uma ideia, eu iria fazer que nem nos velhos tempos, eu iria com meu filho ao cinema, para que nós nos lembrássemos de como era, mas ele ia trabalhar, então eu fiquei em casa, cuidando de Thiago e Lucas. foi umas horas depois que ele saiu, eu estava na cama, lendo a ''NEW MARVEL'' quando eu senti uma dor no meu coração, eu gritei por meu filho, mas ele não estava, então meus netos foram me ver, eu falei ''cha .... chamem a ambu ... lancia ... '' eles pegaram o telefone, mas não sabiam o numero, enquanto eu desmaiava, eu os ouvi gritar, e vi meu sangue sair de meu nariz, ''VOVÔ,  VOVÔÔÔÔ!!!'' então eu desmaiei. Eu acordei novamente, naquela droga de hospital, quando eu me virei, eu não acreditei no que eu vi, minha filha, já crescida ao meu lado, ela dormia sentada, com a cabeça deitada em minha cama. Eu passei a mão por seus cabelos, e a chamei, eu vi seus olhos, vermelhos de tanto chorar por mim, e suas lágrimas ainda em seu rosto. ''Paaai!'' ela falou a mim, ela me abraçou, e chorosa, falou que me amava, e que sentiu minha falta, ela me perguntava o que tinha acontecido, e porque eu não voltei pra casa naquele dia. eu contei tudo a ela, e ela ficava perplexa a casa frase. Foi então, quando o marido dela chegou, um homem alto e forte, ele é feio pra ela, falando sinceramente, eu disse isso pra ela, ela sorriu, e ele também, eu fiquei feliz, pois esse cara tinha senso de humor, e foi então quando eu vi, uma garotinha pequenina de maria-chiquinha escondida atrás do pai, ainda com a chupeta, ela correu pro colo da mãe, ''Pai, essa é a Hellen, sua neta'' falou-me minha filha. Então eu vi pela janela do quarto, meu filho correndo, ele caíu em frente a minha porta (eu fiquei feliz pois vi que ele não tinha mudado o costume de ser meio desastrado) ele se levantou, e correu até mim, chegando ao meu lado, ele me abraçou, e fez tantas perguntas, eu já estava ficando tonto, ''como você ta? você ta bem? o que houve? quem, o que te fez isso?''  a mulher dele chegou e falou: ''Heitor, para, ele tem que descansar, deixa de coisa 'aff'.''  Meu filho, continuando sua curiosidade, me perguntou o que tinha havido no barco em que eu estava, eu falei que iria contar tudo em cada mínimo detalhe. Minha filha, como ela ja tinha escutado, ela me disse que ia ali, pegar um copo de água, mas eu sabia que ela não iria fazer aquilo, eu sei quando ela está escondendo algo, mas eu deixei pra lá, e contei a história ao pessoal. Eu terminei de contar a história pro pessoal, ja era de noite, então o médico chamou minha filha, (apesar de terem as paredes, e a porta de vidro, eu escutei o que ele falou, pois ela deixou a porta aberta [grande surpresa]) ele falou a ela: ''Eles ó tem mais algumas horas de vida, eu escutei, segurei meu choro, ela também, ela segurou tanto, que foi novamente tomar água, mas dessa vez, foi realmente tomar água. Como eu tinha escutado aquilo, e meu filho era dono do hospital (esqueci de mencionar) ele colocou uma tv na minha sala, e colocou um filme, minha filha que escolheu ''Coraline, pra gente se lembrar dos velhos tempos em que todo dia eu via isso, hehe.''  nós vimos o filme, e mais alguns outros a noite toda, então, no notbook que minha filha tinha trazido, (ela tava no facebook) ela recebeu uma chamada num tal de skype skype, que era da mãe dela, que estava na Inglaterra, eu pensei: ''Meu Deus, Norma usando esse tal de skype, eu devo ter dormido por mais anos do que pensei, nossa.'' nós nos falamos pelo 'skype', eu falei a ela, que a amava de todo o meu coração, eu vi a minha filha, mandando uma mensagem pra ela, escondida com o celular, eu vi na câmera, que minha mulher recebeu a mensagem, ela começou a chorar, e falou que me amava, de todo o coração dela, que sempre iria me amar, eu me emocionei, pois ela nunca tinha falado algo tão profundo assim comigo antes... então ela desligou, e antes disso mandou um beijo para todos que estavam lá comigo.  quando o filme acabou, todos pegamos nossos copos com guaraná (o meu com água, eu não podia beber guaraná) erguemos, e falamos: ''aos velhos tempos.''   Foi o momento mais feliz da minha vida.
Parte 3
Meu fim
[Júlia falando nesta parte]
Nesse dia, eu estava ensaiando pra minha nova turnê; foi quando minha assistente e meu irmão chegaram, e me disseram que algo tinha acontecido com meu pai, eu saí correndo do teatro e fui direto pro hospital. Quando eu cheguei lá, ele estava deitado, com sangue saindo de seu nariz, e seus olhos já amarelados, ele olhou pra mim, pra meu irmão e pra minha mãe, e falou que nos amava, ele disse: ''Apenas saiba, que eu amo todos vocês, Deus teve piedade de minha alma, eu irei com ele agora. Nunca se esqueçam de mim, eu sempre amarei vocês.'' Meus olhos se encheram de lágrimas nessa hora, mas quando eu segurei sua mão, e beijei sua testa, eu ouvi a máquina informar que seu coração parara de bater. A mão dele, que estava em meu rosto, caiu, e se fechou. Eu gritei: ''Não, pai, por favor, não.''  Eu não conseguia acreditar, porque logo ele ? porque não eu ? eu tinha tantas perguntas assim na minha cabeça, mas nenhuma resposta pra elas...
No dia de seu enterro, eu fui a que mais chorou. Até mesmo após seu enterro, eu continuava com essas perguntas. Em cada coisa do mundo eu o via, até no sorriso da minha filha, eu me lembrava dele, era como se ele ainda estivesse me observando, se algum modo, mas parecia. Eu fui buscar os bens que ele tinha no hospital. Lá, no meio dos bens, no meio das fotos, eu achei um ''Diário de Bordo''.
 Ei
Ei 


THE END